Ainda me lembro quando a internet saiu das empresas e passou a integrar o cotidiano pessoal. As primeiras falas diziam "distanciará as pessoas", "esfriará relacionamentos", e por aí seguiam amargas palavras. Depois de quase 20 anos, no entanto, o que vemos é um alargamento de horizontes com construção de contatos, amizades e parcerias que jamais poderíamos tecer se não fosse essa invenção chamada www. Por meio dela conheci todas as pessoas que passam aqui na coluna Meu Primeiro Perfume, assim como pude conhecer Maria Ester Reis, a convidada amiga de hoje.
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Crônica de Maria Ester Reis |
Primeiro gostaria de
agradecer a querida Dâmaris pelo convite para que eu dividisse minhas memórias
nesse espaço. Fiquei muito honrada, lisonjeada e feliz com a oportunidade.
Minha relação com os
perfumes teve início pelas mãos de meus avós maternos e é permeada por muito
afeto, uma doce saudade e lembranças carinhosas. Na verdade são dois perfumes os “primeiros”;
um compartilhado com meu avô e outro dado por minha avó.
Meu avô Tide era um
homem muito elegante que usava ternos feitos no alfaiate e sapatos de cromo
alemão, que eu adorava engraxar e deixar bem brilhantes. Vaidoso, herdei com
certeza esse traço dele, gostava de relaxar em casa com seu robe de chambre de seda.
Outro hábito seu era estar sempre perfumado, inclusive no
lenço que carregava no bolso. Um de seus perfumes preferidos era o English
Lavender de Atkinsons, lançado em 1910(!), que eu adorava e ele
carinhosamente dividia comigo. Notas de cabeça de lavanda, bergamota, madeira
rosa e cumaru. No corpo rosa marinha e sálvia dos jardins e de fundo almíscar,
musgo e feijão de tonka. Um grande clássico que abre seco e fresco para depois
mostrar o picante da rosa marinha e da sálvia, com sua base encorpada e de
longa duração. Apesar de masculino é um perfume fresco e apropriado para o
clima do Rio de Janeiro onde eu morava. Mesmo criança já gostava de perfumes
com mais personalidade.
Já minha avó Ester, que não tinha hábito de passar perfume, apenas rouge e “pó
de arroz” da Coty, uma mulher prática, nada vaidosa, mas sempre atenta aos
desejos dos netos, foi responsável por presentear-me com meu primeiro perfume de festa aos
11 anos. O clássico Calandre de Paco Rabanne. Lembro que usava apenas algumas
gotinhas em eventos muito especiais, que vocês podem imaginar não serem muitos
aos 11 anos.

Interessante que ambos
os perfumes possuem notas semelhantes.
E assim começou minha
história com os aromas. Doces lembranças, onde também estão os aromas do sabonete Phebo e do Sabão da Costa que meu avô comprava nas Casas Granado no centro do Rio, da Seiva de Alfazema da Phebo sempre com a mesma embalagem...
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Maria Ester |
Esse negócio de
memória olfativa é mesmo muito sério. Conexões que fazemos, muitas vezes inconscientemente,
e que podem trazer sentimentos desagradáveis ou, ao contrário, agradáveis e
reconfortantes. Lavanda por exemplo é meu aroma preferido para perfumar os
lençóis. Nada como dormir envolvida por um aroma que nos remete à infância,
quando nos sentíamos seguras e protegidas!
Meu marido diz que
tenho faro de perdigueiro rrsrs. Sou mesmo muito ligada a aromas e muito
sensível a eles, o que nem sempre é uma vantagem.
Muitos anos depois,
muitos perfumes, incrível como que com o tempo minha preferência mudou (o Calandre, por exemplo, não consigo mais
usar), mas um hábito adquirido com meu avô continua o mesmo: o de passar
perfume após o banho, de preferência algo leve, mesmo que seja para ir dormir
depois.
Maria Ester Reis -
formada em história, apaixonada por moda, beleza e arte. Colaboradora do blog Ouse ser quem você é. São Paulo, SP.
Maria Ester, como gosto de te ler. Que contentamento a internet proporcionou de te conhecer e aos teus textos! Sua crônica afetiva olfativa tinha que estar aqui, afinal compartilhamos a consciência sobre a importância de percebermos e dedicarmos mais atenção às escolhas e à presença dos cheiros em nossa vida. Obrigada, querida. Abraços perfumados.
As demais crônicas estão aqui
Querida Dâmaris eu que agradeço mais uma vez o convite e todo o carinho e atenção que vc tem comigo.
ResponderExcluirE assim como você, sou grata a internet que me aproximou de pessoas tão bacanas e me proporcionou amizades virtuais e reais maravilhosas, que trazem muita alegria a minha vida.
Esse definitivamente é o lado bom da internet.
Beijo bem grande e carinhoso.
sinta-te abraçada, Maria Ester! :) Obrigada, viu? bjs
ExcluirTão bom lembrar um passado feliz, de aconchego, carinho e amor! Maria Ester fez lembrar meu pai, que não usava perfume algum, mas devido minha mãe comprar sempre o sabonete Phebo preto, então era seu perfume, pois a cada banho ele exalava esse maravilhoso cheirinho, quantas lembranças boas. Sua história Maria Ester, também fez lembrar minha querida vó Ana (rouge e pó de arroz), ahaha tinha até me esquecido do quanto ela gostava também, mulheres de antigamente não tinham todo esse aparato de cosméticos que vivenciamos hoje em dia. Parabéns pela história linda, ela me envolveu com doces lembranças também. Um beijo para ti Maria Ester e para Dâmaris.
ResponderExcluirMalú
Obrigada, Malú! bj e bom fim de semana ! :)
ExcluirObrigada Malú.
ExcluirBom saber que te ajudei a lembrar de doces recordações.
Bjss
Adorei essa materia,pois adoro tanto sabonetes phebo e quando falam em algum eu me apaixono
ResponderExcluirNossa! Lembro muito do perfume English Lavender, gostava muito de usá-lo aos domingos pra sair com as colegas. gostaria de comprá-lo novamente. Muito bom!
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