A arte dos perfumes aproxima-nos de outros tempos e provoca a nossa memória afetiva? Certamente que sim. E o que tenho descoberto nestes anos participando de Blog sobre perfumes e comunidades nas redes sociais é que os perfumes também aproximam pessoas e constroem amizades. Sexta chegou e, com ela, a gente para tudo para ouvir
Carla em Meu primeiro perfume...
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Crônica de Carla sobre sua História perfumada |
Ah, a infância...nostalgia bate na porta e nos surpreendemos da maneira
que chegamos aqui, no hoje.
Era uma criança completamente moleca, vivia subindo em árvores, adorava
brincar em construções ou nas "sangas" da minha cidade (do gauchês, é
um córrego d`água, com uma pinguela, ponte pequena para passar). Vivia de
aventura.
E essa aventura também acontecia nos armários, em busca de novidades
cheirosas.
Nunca tive aquele dom de descrever notas em aromas (muitos nascem com
essa habilidade), mas gostava muito de esmiuçar, sorrateiramente, os banheiros
e quartos de parentes próximos, no caso minhas tias. A casa de uma delas, uma
médica refinada, era uma terra desconhecida e cheia de cantos secretos a serem
descobertos. Lembro de um portentoso frasco de Poison, negro, enorme,
escondidinho lá no fundo do armário do closet. E o closet inteiro era
impregnado daquele cheiro. Ela o guardava muito bem, longe da luz e do calor. E
como exalava! Eu, em minha inocência, nem imaginava o porque dela saber que eu
havia revirado seus pertences. Claro, uma menina exalando Dior não se vê a todo
momento, né vero?
Minha outra tia, Dinda, minha segunda mãe, exalava Café e Almíscar
Selvagem. Sim, o óleo Wild Musk, da Coty. Ela comprava vários vidrinhos e
colocava dentro de uma embalagem vintage, daquelas que a tampa é de cristal, vc
molha ela no perfume e toca nos pontos que quer perfumar. Bem, não é a toa que
até hoje tenho um frasquinho do óleo.
Realmente impregna em tudo e deixa as suas roupas com o cheirinho dele.
Já minha mãe, virginiana e muito ordeira, ganhava ou comprava seus
perfumes por encomenda de conhecidos que iam ao Uruguai. Ela tinha muitos e
muitos frascos...todos guardados com celofane dentro do armário. Não os abria
porque tinha um em uso e precisava acabar primeiro. O detalhe é que, por ser
muito econômica, o frasco em uso não terminava nunca! Dentre os fechados
lembro-me perfeitamente do Cabochard, do Fleur de Rocaille, Opium e Caleche. O
Caleche até hoje ela tem, mas claro, oxidado por tantos e tantos anos recebendo
luz no banheiro (depois que ela abria, deixava os frascos à mostra. E é assim
até hoje, mesmo eu surtando com isso). E o Opium, sim, aquele que estava
fechadinho no armário dela agora reside no meu. Claro, só um restinho, coisa de
4ml no vidro de 50ml, mas que me deixa recordar do passado.
Ahhh, mas havia também as amigas e suas mães! A mãe de uma delas,
amigona linda e querida, tinha um Loulou. Já a avó de outra querida amiga tinha muitos daqueles avons com frascos em forma de bibelot. Eram
muitos! E nesses ambientes que lembro de ter apaixonado pelo Poison, Channel 5,
Opium, Café, Paloma Picasso. Infância e adolescência embarcadas em perfumes
muito marcantes, nada frescos ou de pouca duração.
Já adolescente, houve o BOOM do Absinto da Água de Cheiro (esse eu
amava!Mas era proibido para menores...e acreditávamos nisso, rsrsrsrs), do Aqua
Fresca, Thaty e Innamorata, do Boticário. Confesso que esses últimos nunca me
despertaram a atenção, o meu objeto de desejo na época era o Kalanit! E também
o Duna, da água de cheiro. Mal sabia eu que ambos eram contratipos do Amarige,
Givenchy.
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Carla Biscaglia |
Meu primeiro importado veio bemmm tarde. Devia ter uns 18 anos. Ganhei
daquela tia médica o Eau de Dali (aquele da boca rosa claro). Nem fazia a minha
linha de perfume, mas o adorava, era o único importado que tinha, usava ele só
para as melhores saídas! Tenho o frasco até hoje, com algumas gotinhas ainda.
Mais tarde, em minha primeira viagem à Rivera, UR, o primeiro que
desesperadamente comprei foi o Café. E também o Opium. E quase peguei o Poison.
Pois é, nostalgia total! E conheci um da casa Mugler, Alien, que levei
principalmente pelo frasco exótico e pelo nome (era fã de carteirinha da série
Arquivo X....tudo o que remetesse à aliens, eram objeto de desejo). Obviamente
que adorei o perfume e virou minha assinatura por alguns anos.
Bem, depois de conhecer as comunidades sobre perfumes, com pessoas que
adoravam tanto ou mais do que eu, daí subi para outro patamar na arte de
perceber as fragrâncias. Mas ainda assim
me sinto "uma criança dentro de uma imensa loja de doces".
Obrigada Carla, teu gosto pelos perfumes tem alguns motivos para ser intenso. Tuas memórias afetivas e olfativas repleta está com fragrâncias marcantes e pura arte. Obrigada, gauchinha, por ter aceito participar do VB. A casa é sua, viu?
Carla contou, também, suas dicas de perfumes que ele e ela podem usar juntos, você viu? O post está aqui
Mais crônicas, histórias de vida que contam como começou a paixão por perfumes aqui
Que delícia são as sextas! A história da Carla me fez viajar, imaginei a menina entrando sorrateira nos quartos e olhando os perfumes das mulheres adultas! Acredite: até hoje, quando entro no banheiro de alguma casa que estou visitando e tem perfume a mostra, fico com vontade de abrir e cheirar. E se forem pessoas próximas, certamente farei!!!!
ResponderExcluirMenina sapeca a Carlinha, heim Diana? ;) bjs
ExcluirInteligente, linda e cheirosa essa Carla, viu?
ResponderExcluir<3
ExcluirQuantos detalhes e riqueza nessa história...fiquei encantada! Viajei em cada palavra descrita, em cada lugar revelado, um conto de fábulas. E ainda por cima na relação está meu amado primeiro perfume Wild Musk da Coty, quantas lembranças boas vem em nossa memória...obrigada, recordar é viver sempre.
ResponderExcluirUm beijo
Malú
e os cheirinhos permitem tudo isso....
ExcluirQue legal a história da Carla... me fez lembrar os tempos de criança. As vezes também entrava escondida em alguns cantos para observar os frascos de perfumes e as maquiagens que as mulheres usavam. Tinha um ar de mistério delicioso...
ResponderExcluirGeorgia Drumond.
Olha fiquei super inspirada com sua história principalmente pq tenho visto tanta publicação q estou até disposta a escrever a minha, além de ter tido milhares de vidros de boa qualidade, continuo usando e colecionando mas, a minha surpresa maior foi saber de algo q vai me satisfazer bastante, é q o "Kalinit(Boticário)" foi uma fragrância que usei muito e as x ainda tenho saudade só q com a descontinuidade do perfume não pude mais usá-lo, principalmente nos dias frios...adorava e com o seu relato acabei descobrindo q o mesmo é contra tipo do "Amarige" além do Dune também ter o mesmo ipo de parentesco...Estarei comprando o meu Amarige ainda este mês. Grande abraço e fico muito agradecida com a informação.
ExcluirAi que delícia essa coluna, Dâmaris! (Aliás o blog todo é uma delícia!!!!)
ResponderExcluirA-D-O-R-E-I a participação da Carla, viajei com ela para o tempo em que também adorava remexer nos perfumes da minha mãe e das minhas tias!!!!!
Parabéns!!!
obrigada, querida Adrih!!! Tão bom fazer essas viagens perfumísticas, não é? bjs
ExcluirAgradeço muito à querida Dâmaris e à todos vocês! Muito amor as postagens, me arrepiei, sou muito coração na hora de escrever!
ResponderExcluirConfesso que na hora que te mandei achei que não estava muito bom...normal, sou assim mesmo.
Bjs à todos queridos perfumados!!!
Obrigada, querida Carla! Ficou ótimo! :) bjs
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